O Presidente da República, general João Lourenço, destacou esta sexta-feira, num texto no Facebook, a necessidade de maior aposta na indústria do turismo, tendo em conta as belezas naturais e a hospitalidade dos angolanos.
Fontes bem informadas informaram, entretanto, que o mesmo destaque foi dado pelo Presidente do MPLA, pelo Titular do Poder Executivo e pelo Comandante-em-Chefe das Forças Armadas.
“Angola tem sol, mar, rios, flora, fauna e outros atractivos naturais que a tornam num destino turístico invulgar”, escreveu o Chefe de Estado, revelando uma perspicácia nunca vista no reino. Além disso lembrou aos seus súbditos que ele próprio está empenhado em aumentar a performance do sector, com o apoio de todos.
Dados recentes, apontam que a contribuição das receitas do turismo no Produto Interno Bruto (PIB) em Angola, passou de 1,3 por cento em 2016 para 0,01%, 2022, ou seja… um crescimento para baixo.
Durante esse período, Angola recepcionou um 1.351.733 de turistas oriundos sobretudo do Médio Oriente, Estados Unidos da América, de países africanos e da Europa, sendo estes últimos em maior número, representando 51%, do global, seguido de africanos com 17% e asiáticos com 15%.
Já no passado dia 2, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, apelou, na província da Huíla, a cada angolano a ser um “embaixador” do turismo nacional.
Os cerca de 20 milhões de angolanos pobres tomaram a iniciativa de sugerir a realização de safaris nas lixeiras onde eles procuram comida que, dizem, pode ser uma solução estratégica para o turismo nacional “made in MPLA”.
Discursando na abertura da VII edição da Bolsa Internacional do Turismo (BITUR) que a cidade do Lubango acolheu, o ministro referiu que os angolanos têm de ser os primeiros interessados em conhecer e explorar o potencial turístico do país. Ou seja, neste como em todos os outros, os cidadãos devem fazer o que cabe ao Estado fazer, isto – como é o caso de Angola – quando o Estado é sinónimo de MPLA.
Adão de Almeida argumentou que se o turismo interno for uma realidade vibrante, mais facilmente despontará o turismo estrangeiro. Esse contributo deve ser dado, em primeira linha – presume-se – pelos 20 milhões de angolanos pobres, com o apoio dos cinco milhões de criança que estão fora do sistema de ensino.
O ministro considerou que é nessa qualidade que a função primária do angolano é promover o país, a cultura, a história, a fauna, a flora, a mentira, a subserviência, a bajulação, o culto ao chefe e todos os outros activos turísticos afins. E, subentende-se, só depois disso devem preocupar-se em passar o tempo a procurar comida nas… lixeiras.
“O turismo global é cada vez mais competitivo e todos somos poucos para fazer do turismo angolano um sector capaz de competir com as outras nações. Se cada turista que vier a Angola sair com uma boa imagem da nossa hospitalidade é um potencial promotor do turismo lá onde for”, ressaltou Adão de Almeida. E tem razão. O que importa mostrar aos estrangeiros não é o país real, mas sim o país dos dirigentes do MPLA.
Segundo Adão de Almeida, para tal é necessário uma “estratégia mais ousada e pragmática”, capaz de oferecer vantagens comparativas e, assim, incentivar os investidores a escolher Angola como destino do seu investimento. Será que, no âmbito dessa “estratégia mais ousada” o Governo está a pensar fazer safaris nas lixeiras?
Para o ministro, cada turista que não vem a Angola é uma oportunidade perdida para contribuir-se para o crescimento da economia, gerar emprego para a juventude, captar divisas e fazer o país prosperar, fazer o milho crescer e os loengos crescerem nas palmeiras.
Por isso, sugeriu ao Ministério do Turismo que trabalhe com o da Administração do Território, os governos provinciais e as administrações municipais, para despertar nos órgãos da administração local um maior engajamento no fomento do turismo local.
“Temos de colocar no mapa do turismo, cada província e cada município, desafiando-os a assumir a sua quota-parte no fomento e no desenvolvimento do turismo em Angola, desde logo, incentivando a elaboração de Planos Provinciais e Planos Municipais de Turismo”, exortou o dirigente.
Lotti Nolika, governadora do Huambo, percebeu bem a mensagem e, por isso, admite-se que vá apresentar ao seu “querido líder” uma proposta para a construção de um canal que faça a ligação marítima entre o Lobito e o Huambo.
Adão de Almeida destacou o interesse e a importância que o Executivo dá ao sector do turismo, como foi feito recentemente com a isenção de visto de turismo para cidadãos de 98 países e o trabalho para a melhoria do ambiente de negócios.
Ainda no quadro do fomento da actividade turística, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do maior perito em turismo no estrangeiro, João Lourenço, defendeu a necessidade de se trabalhar na preparação, aprovação e execução de um projecto de simplificação de procedimentos da Administração Pública voltado exclusivamente para o sector do turismo.
Sinalizou também que um “simplifica – turismo” pode melhorar toda a cadeia de intervenção público-administrativa nos diferentes ramos, do nível local ao central, para que a relação Estado – sector privado “seja mais aprazível”.
Adão de Almeida disse ser importante continuar a trabalhar para melhorar a abordagem dos pólos turísticos, pois o modelo existente precisa de ser repensado, na medida em que cria sobreposição entre instituições públicas e gerar dúvidas nas competências, enfatizando, por isso, o papel do sector privado.
Para o governante, nesse segmento, o papel do sector público deve resumir-se à regulação, à promoção, ao incentivo e à eliminação de dificuldades.
Continuar a trabalhar para melhorar as infra-estruturas cruciais para a dinamização do turismo, como o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, assim como em vários projectos diferentes e de dimensões distintas para a melhoria dos sistemas de abastecimento de energia e de água, de melhoria do saneamento das cidades, de aumento da oferta de transportes, são outros elementos a se ter em conta, segundo o dirigente.
Por outro lado, afirmou que os dados disponíveis revelam existir um défice de oferta formativa, pelo que é fundamental trabalhar-se para que a oferta formativa dos níveis secundário e de formação profissional afins estejam disponíveis em todas as províncias do país.
Nesse capítulo, exortou maior atenção aos funcionários das missões diplomáticas, Serviço de Migração e Estrangeiro, os taxistas, recepcionistas de hotéis, empregados de quarto, do cozinheiro, do gestor hoteleiro, do empregado de restaurante, do guia turístico e do próprio cidadão.
A Bolsa Internacional de Turismo (BITUR), uma iniciativa do Ministério do Turismo, em parceria com a Eventos Arena, teve o foco na divulgação do potencial turístico do país, expondo os serviços de empresas e demais actores que, directa ou indirectamente, intervêm na cadeia do turismo.
Estiveram presentes 100 pavilhões com participantes de Angola, África do Sul, Moçambique, Zâmbia, Zimbabwe, Cabo Verde, Brasil, Portugal e Espanha.
O evento, com o lema “O Turismo como factor de determinação para a diversificação da economia em Angola”, abordou também o papel do Estado na dinamização do turismo e das instituições financeiras para o apoio de projectos turísticos.